A tartaruga verde (Chelonia mydas) é uma das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. Ela pode ter até 143cm de comprimento curvilíneo de carapaça e pesar cerca de 160 kg. O seu casco ou carapaça possui quatro pares de placas laterais de cor verde ou verde-acinzentado escuro, daí seu nome popular, e cor marrom quando são juvenis.
As tartarugas marinhas apresentam um ciclo de vida complexo, utilizando diferentes ambientes ao longo da vida, o que implica em mudança de hábitos. E embora sejam marinhas, utilizam o ambiente terrestre (praia) para desova, garantindo o local adequado à incubação dos ovos e o nascimento dos filhotes.
Ao nascerem, os filhotes vão em direção ao alto-mar, onde atingem zonas de convergência de correntes que formam grandes aglomerados de algas e matéria orgânica flutuante. Nessas áreas, os filhotes encontram alimento e proteção.
A espécie se torna adulta entre os 20 e 30 anos e a partir daí, passam a viver em áreas de alimentação, de onde saem apenas na época da reprodução, quando migram para as praias onde nasceram.
A época de desova é controlada principalmente pela temperatura, ocorrendo nos períodos mais quentes do ano. No litoral brasileiro, acontece entre setembro e março. Somente a tartaruga verde tem registros de desova nas ilhas oceânicas entre os meses de dezembro e junho.
De cada mil filhotes que nascem somente um ou dois conseguem atingir a maturidade, pois são inúmeros os obstáculos que enfrentam para sobreviver, mesmo quando se tornam juvenis e adultos.
Além dos predadores naturais, as ações do homem estão entre as principais ameaças às populações de tartarugas marinhas, destacando: a pesca incidental, na costa com redes de espera, e em alto mar com anzóis e redes de deriva; a fotopoluição, ou seja, o excesso de luz artificial que deixam os filhotes desorientados; o trânsito de veículos nas praias de desova; a destruição do habitat para desova pela ocupação desordenada do litoral; a poluição dos oceanos e as mudanças climáticas.
As tartarugas marinhas desempenham um importante papel ecológico nos ambientes onde ocorrem. São fonte de alimento para predadores marinhos e terrestres, são importantes consumidores de organismos marinhos e também servem como substrato para outras espécies.
Por serem animais migratórios, as tartarugas se deslocam desde os trópicos até as regiões subpolares, transferindo energia entre ambientes marinhos e terrestres. Sendo consideradas “engenheiras do ecossistema”, devido a sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de grama marinha e substratos arenosos do fundo oceânico.
Como presas, as tartarugas marinhas fazem parte da dieta de vários animais (raposas, formigas, lagartos, falcões, abutres, gaivotas, fragatas, polvos, peixes, orcas, focas, crocodilos, onças entre outros) e os seus ovos também podem ser consumidos por raízes de plantas nas praias de desova. Como consumidores, atingem diversos níveis na cadeia alimentar. Exercem controle das populações de esponjas, medusas, algas e grama marinha, entre outras.
Esses animais representam a perpetuação da vida ao longo de mais de 100 milhões de anos, contribuindo para a vida de outras espécies e, por consequência, a do homem.